Segunda Prova do Campeonato Nacional 2008
22 de Julho - 4º dia
Último dia de prova. Ao contrário do que se passou nos outros dois dias, hoje a manga foi validada. As previsões indicavam vento fraco de Sudeste, a rodar para Sudoeste com o decorrer do dia. O tecto estaria perto dos 3000 metros mas, no entanto, e à semelhança de ontem, uma inversão perto dos 1500 metros iria dificultar a subida aos pilotos. A subida para a descolagem SW foi feita à mesma hora dos outros dias (por volta das 10:30), mas os pilotos foram logo avisados de que a abertura da janela iria ser mais tarde, visto que não havia qualquer pressa de descolar.
No briefing ficou decidida a manga (48,8 quilómetros com uma baliza em Sá e meta perto de Verin) mas, ainda sem horários, os pilotos puderam descontrair durante mais uns minutos. Passado algum tempo, o director de prova reuniu os pilotos e informou que a janela iria ser aberta às 14 horas, sendo o start 45 minutos depois. Um primeiro grupo descolou, mas não conseguiu subir muito. A inversão que se tinha previsto impedia um melhor posicionamento para o início de prova e os pilotos mantiveram-se baixo por cima da descolagem. Um segundo grupo saiu entretanto, mas não teve tanta sorte. Algumas nuvens começaram a tapar o Sol e toda a zona em frente à descolagem ficou à sombra; deixou de haver térmica.
Os pilotos que saíram em primeiro lugar conseguiram eventualmente ganhar alguma altura para sair, sem nunca furar a inversão. A partir daí, o voo foi todo muito lento e trabalhoso. Chegaram à meta apenas 13 pilotos, tendo muitos ficado bastante perto. Do grupo que usufruiu da segunda descolagem, ninguém conseguiu chegar. João Brum venceu esta manga, seguido de Gil Navalho e Dinis Carvalho em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Contas feitas, Pedro Lacerda foi o grande vencedor do Open, com Gil Navalho em segundo e Paulo Reis em terceiro. Em relação aos resultados por clubes, a AVLS alcançou o primeiro lugar; CSD Câmara de Lobos ficou logo a seguir, com Team Asas de Basto em terceiro lugar. Com estes resultados, e em relação à classe de pilotos femininos no Campeonato Nacional, Sílvia Ventura, com um 9º lugar nesta prova, alcança assim o primeiro lugar, seguida de Helena Mafalda, no segundo lugar. No que diz respeito aos Jovens Competidores, Roberto Torres continua no primeiro lugar, com Pedro Pina, no segundo lugar, a reduzir a distância, seguidos de Nélio Barros e Luís Neves no terceiro e quarto lugar, respectivamente.
21 de Julho - 3º dia
Hoje o dia começou mais calmo. A pressa de subir para a descolagem que existiu nos outros dias não se verificou. As previsões não indicavam aumento da velocidade do vento nem desenvolvimentos verticais. Apesar da direcção do vento não ser a mais favorável (NE), a intensidade era fraca, pelo que os ciclos térmicos se iriam sobrepor ao meteorológico. Subiu-se então para a descolagem virada a SW e esperou-se pelo primeiro briefing.
O director de prova reuniu-se com o comité de pilotos (Américo Sousa, Nuno Gomes e Paulo Nunes) para definirem a manga para o dia. As previsões indicavam um tecto acima dos 3000 metros, com alguma térmica, mas sem nuvens. O vento nas camadas mais baixas seria de NE, mas nas mais altas poderia ser de N/NW. Isto significava que, qualquer que fosse o percurso que escolhessem (não convinha que fosse para Sul devido às zonas de difícil acesso), os pilotos iriam encontrar sempre encontrar vento de frente. Decidiu-se então fazer uma manga curta, para SW, com uma baliza em Alfândega da Fé e meta em Mogadouro (47,9 quilómetros).
A janela abriu às 13:00. Com a descolagem de alguns pilotos, foi possível perceber que a primeira térmica não estava fácil. As descendentes eram muitas, as térmicas eram poucas (mas fortes) e existia uma inversão perto dos 1300 metros. Juntou-se então um grupo grande por cima da descolagem, à espera de uma térmica que rompesse essa inversão. Mas isso não aconteceu até à hora do start e os primeiros pilotos decidiram sair. Alguns foram para o chão; os mais pacientes conseguiram manter-se até se soltarem algumas térmicas mais fortes, mas mesmo assim sem furar a inversão. Muito lentamente, o grupo foi avançando no terreno, aproveitando todas as ascendentes para evitar aterrar.
O vento de E/NE que estava previsto nas camadas mais baixas acabou por estragar o dia. Com a inversão que existia, os pilotos não conseguiam subir o suficiente para apanhar o vento de costas. A certa altura, começaram a ter dificuldades em avançar e avisaram o director de prova da situação. Este decidiu, por questões de segurança, parar a manga.
Como nenhum piloto se encontrava na meta, a manga não foi, mais uma vez, validada. Deste modo, os resultados não se alteram, mantendo-se Nuno Virgílio em primeiro, seguido de Cláudio Virgílio e Pedro Lacerda em 2º e 3º lugar, respectivamente. O dia de amanhã parece bastante bom, com vento fraco de frente e um tecto térmico superior a 3600 metros às 15 horas.
20 de Julho - 2º dia
Depois das trovoadas de ontem à noite, e do CAPE esperado para hoje (mais de 900j/kg às 15 horas), os pilotos acordaram sem grandes esperanças de se voar. Mas o céu não indicava tais condições; estava limpo, apenas com restos de algumas nuvens da noite anterior. O Paulo Herculano alertou, durante o primeiro briefing, ainda no secretariado, para a possibilidade de desenvolvimentos durante o dia, pelo que os pilotos deveriam estar atentos no decorrer do seu voo.
Subiu-se para a descolagem SW e as nuvens continuavam sem aparecer. No entanto, e devido às variações na direcção do vento, os pilotos foram avisados para não desarrumarem as asas porque havia possibilidade de mudança de descolagem. A manga foi definida, mas o ponto de descolagem e o horário ficaram em branco. Um pouco mais longa do que a do dia anterior (cerca de 50 quilómetros), tinha uma baliza por cima da Barragem do Azibo e a meta a Oeste, na localidade de Izeda.
Depois de alguns minutos de espera, o vento continuava a entrar fraco de costas, só endireitando quando havia ciclos térmicos. Informações de elementos da organização indicavam que na descolagem Oeste o vento estava de frente já há algum tempo. Tomou-se então a decisão de ir para lá. A partir daí, não se perdeu tempo. As primeiras nuvens começavam a surgir, algumas com tendência para se desenvolverem. Definiram-se os horários e, mal a janela abriu (13:15), os primeiros pilotos começaram a descolar. As térmicas da descolagem não estavam fáceis e não se conseguia subir muito. Apesar de localizadas, as nuvens estavam já com uma dimensão considerável.
O grupo de pilotos que saiu em primeiro lugar conseguiu eventualmente ir para debaixo da nuvem e ganhar altura suficiente para começar a manga. Os seguintes não tiveram tanta sorte. A sombra impôs-se em frente à descolagem e deixou de haver térmica; muitos pilotos ficaram na aterragem oficial. Quando conseguiram subir para a segunda descolagem, já a nuvem por cima da descolagem se tinha transformado num CB, que, passado poucos minutos, começou a descarregar a uns quilómetros dali. O director de prova decidiu então parar a manga. Como não havia nenhum piloto no golo, esta foi anulada.
Apesar deste pequeno percalço, as previsões para os restantes dias parecem muito promissoras, com vento fraco, boa térmica e tectos altos.
19 Julho - 1º dia
Começou a segunda prova do Campeonato Nacional de Parapente. Depois de uma pausa de cerca de um mês, com o Campeonato Europeu a realizar-se neste período, as competições em território nacional regressaram em grande. Mirandela recebeu pilotos de todo o país, com o número de inscritos a aproximar-se da centena.
As previsões para o primeiro dia deixaram os participantes com expectativas bastante elevadas. Com o tecto perto dos 4000 metros e a possibilidade de aparecimento de nuvens durante a tarde, poderia ser um excelente início de prova. Mas havia um senão: as previsões de hoje de manhã indicavam pouco gradiente térmico em altitude, a diminuir para praticamente zero a partir das três da tarde. Se este caso se viesse a verificar, o resultado seria térmica quase inexistente durante a segunda metade do dia. Então, no briefing da descolagem, o director de prova, Paulo Herculano, juntamente com o comité de pilotos, definiu uma manga relativamente curta (44 quilómetros), com meta em Rossas, e com a abertura da janela o mais cedo possível.
Ainda sem qualquer nuvem no céu, a janela abriu às 13 horas. Descolaram alguns pilotos, mas a primeira térmica estava bastante difícil (alguns tiveram de recorrer à segunda descolagem a que tinham direito), tendo os restantes participantes permanecido no chão até se verificarem melhores condições de voo. Às 13:30 o start abriu e já muitos pilotos se encontravam em boa posição para começar a manga.
Os primeiros quilómetros foram feitos com muita paciência. O grupo da frente saiu bastante lento; as primeiras nuvens começaram a surgir ao longe mas ninguém queria arriscar avançar sozinho. Até que os primeiros cumulus começaram a formar-se logo a seguir a Mirandela; a partir daí, tudo melhorou. O tecto esteve muito próximo do previsto, e as térmicas eram bastante mais consistentes, nomeadamente debaixo das nuvens. Alguns pilotos chegaram mesmo a fazer transições de 20 quilómetros sem enrolar uma única térmica.
Mais de 30 pilotos chegaram à meta, numa manga em que Nuno Virgílio foi o vencedor, seguido do irmão Cláudio Virgílio e Pedro Lacerda. O jantar de boas vindas, ao contrário do que estava anunciado na página, teve lugar também hoje. Muitos pilotos compareceram numa noite animada por Ricardo Murilhas, como não podia deixar de ser.
Pedro Pina
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